quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Exército assumiu morte de 'Jonas'

Exército assumiu morte de 'Jonas'

Do Globo Online:

Num dossiê mantido em sigilo há quatro décadas, o Exército assume a responsabilidade pela morte do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, considerado o primeiro desaparecido político da ditadura militar, informa reportagem de Bernardo Mello Franco publicada na edição deste domingo do Globo.

O guerrilheiro comandou a ação mais ousada da luta armada contra o regime: o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, de 4 a 7 de setembro de 1969 - que completa 40 anos na próxima sexta-feira. Segundo relatos de presos políticos, Jonas foi morto a pontapés, ao fim de uma longa sessão de tortura feita por militares e civis da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo.

O paradeiro do corpo nunca foi revelado, e as Forças Armadas jamais admitiram o crime oficialmente. O documento obtido pelo GLOBO foi produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE), vinculado ao gabinete do então ministro da Força, general Aurélio de Lyra Tavares. Sua existência comprova que a cúpula da ditadura foi avisada sobre a morte de Jonas nos porões. Mesmo assim, a Justiça Militar o condenou "à revelia" duas vezes, em 1970 e 1977, com base na Lei de Segurança Nacional. Somadas, as penas chegariam a 33 anos de prisão.

O relatório foi redigido em 8 de outubro de 1969, com o título de "Informação n. 2.600" e carimbos de "confidencial". Jonas foi capturado e morto nove dias antes, em 29 de setembro. No documento, os militares evitam a palavra tortura. Dizem que o guerrilheiro reagiu à prisão e morreu em virtude de "ferimentos recebidos" sob custódia da Oban.

O trecho que elucida o crime ocupa apenas quatro linhas do relatório. Diz o seguinte: "Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas, vulgo Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos, antes mesmo de prestar declarações". Segundo o cabeçalho, o documento circulou na época por dez órgãos militares, incluindo os serviços secretos da Marinha e da Aeronáutica.

Ao fim do dossiê, foram anexadas informações e fotos de 19 militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) presos após o sequestro. Há cópias de três documentos de Jonas (título eleitoral, carteira de habilitação e uma carteirinha de sócio do Jardim Zoológico de São Paulo) e três retratos 3x4, nos quais ele aparece com e sem bigode. E uma anotação, à mão: "Jonas - Morto - Participou do Sequestro".


http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=exercito-assumiu-morte-de-jonas&cod_Post=218579&a=111

Relatório detalha morte de militante


Em relatório secreto de 8 de outubro de 1969, o Exército assume a responsabilidade pela morte do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, codinome Jonas, que chefiou o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, de 4 a 7 de setembro de 1969.

O jornal O Globo teve acesso ao documento confidencial, intitulado "Informação n. 2.600", feito nove dias após Jonas ter sido capturado. Os militares não citam a palavra tortura – segundo relatos, ele foi morto a pontapés –, mas admitem que o guerrilheiro morreu em decorrência de "ferimentos recebidos".

O prisioneiro estava sob guarda da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo. "Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas, vulgo Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos, antes mesmo de prestar declarações", diz o papel secreto.

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