domingo, 29 de novembro de 2009

Ainda Roman Polanski

 

Polanski e sua ex-mulher, brutalmente assassinada, Sharon Tate

POLANSKI: O PREÇO DA LIBERDADE


Rui Martins

Berna (Suiça) - O cineasta Roman Polanski será libertado nos próximos dias, e aguardará em prisão domiciliar sua extradição para os EUA, pois a justiça suíça desistiu de apresentar um recurso contra decisão do Tribunal Federal. A liberdade será concedida com o depósito de uma caução equivalente a 4,5 milhões de dólares, entrega de todos os documentos à polícia suíça e uso de um aparelho fixado no tornozelo, capaz de alertar a polícia no caso de fuga.

Dois meses depois de Roman Polanski viver no exíguo aposento de uma prisão suíça, nos arredores da cidade de Wintertur, seus advogados conseguiram sua liberdade vigiada durante a espera da extradição reclamada pela California, nos EUA.

Foi o Tribunal Penal Federal, a pedido dos advogados de Polanski, que concedeu ao cineasta a possibilidade de aguardar em liberdade sua extradição. Para evitar o risco de uma fuga, o cineasta deverá depositar uma caução de 4,5 milhões de francos suíços ou dólares, entregar todos seus documentos e usar um aparelho eletrônico fixado no tornozelo, capaz de informar a polícia no caso de tentativa de fuga da prisão domiciliar no chalé de sua propriedade, na cidade de Gstaad.

Essa possibilidade de liberdade surgiu das afirmações constantes do pedido americano de extradição de que Polanski deverá cumprir uma pequena pena de dois anos nos EUA e não 50 anos de prisão como se afirmava a princípio. A justiça verificou que os 4,5 milhões oferecidos como caução representam a principal fortuna de Polanski e que uma fuga deixaria a família de Polanski, sua mulher e dois filhos, em má situação econômica, já que aos 76 anos, Polanski não terá condições ganhar novamente essa soma, fruto de uma vida de trabalho.

Polanski foi preso, há dois meses, numa autêntica cilada montada pela justiça suíça, dirigida atualmente por uma ministra de extrema-direita. Convidado para receber um prêmio no recém criado Festival de Cinema de Zurique, Polanski não se preocupou com o risco de ser preso, pois tem residência na Suíça, onde paga impostos e onde tem um chalé nas montanhas da cidade de Gstaad. A decisão tomada pelo departamento da Justiça de prender Polanski tinha chegado ao conhecimento do departamento de Cultura, que iria entregar o prêmio, mas que não alertou o cineasta, razão pela qual se fala ter numa cilada para se prender Polanski.

Por enquanto, Polanski , preso e sem direito a visitas, exceto de sua mulher uma vez por semana, não fez qualquer declaração sobre sua prisão, mas imagina-se que deverá ser severo contra a Suíça, mesmo porque sua prisão teve uma lado absurdo – o de se prender Polanski prestes a receber uma homenagem, quando se poderia prendê-lo sem alarde a qualquer momento, em seu chalé na cidade suíça de Gstaad, sua residência oficial, onde paga anualmente seu imposto de renda.

A imprensa suíça se pergunta se Polanski poderá fugir mesmo com uma tornozeleira eletrônica de metal e depois de depositar 4,5 milhões de dólares como garantia. Imaginando-se a situação em que vive atualmente Polanski, isolado depois de traído, é fácil se esperar que fuja, mesmo porque Gstaad fica perto da França. E, embora a liberdade custe caro para o cineasta, será também uma maneira da Suíça se livrar da responsabilidade de extraditar Polanski, sob o fogo de críticas de intelectuais e artistas de todo o mundo.

Embora Polanski tenha fugido da Califórnia, depois da instauração de um processo contra ele por ter sodomizado uma menor, existe em seu favor o fato do processo ter sido dirigido por um procurador sedento de notícias na mídia que prometia "condenar o anão", como se referia ao baixinho Polanski, por ter agido com o consentimento da garota e por já se terem passado mais de 30 anos. Sob constante ameaça de prisão, Polanski viajava pouco, com medo de ser preso fora da França, onde tinha se refugiado, e não podia filmar em nenhum país anglófono.

Polonês de origem, mas depois com nacionalidade francesa, Polanski escapou do holocausto contra os judeus na Segunda Guerra, no qual morreu sua família, por ter sido acolhido e escondido por uma família católica. A essa primeira tragédia de órfão no Holocausto, se acrescentou outra ocorrida com sua esposa, grávida, em Los Angeles, assassinada por um grupo de satanistas.


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