TYRONE ANDRADE DE MELLO
A África vai sediar a Copa do Mundo de futebol na África do Sul. Esse país africano, por muito tempo, foi dominado pela minoria branca formada por africânderes e descendentes de britânicos. A Copa do Mundo será uma oportunidade para refletir sobre o apartheid e o papel de Nelson Mandela. Na guerrilha, na prisão e na Presidência do país, ele deu um basta no apartheid. O regime do apartheid só viria a engrossar na dominação racial durante o governo de Johannes Gerhardus Strijdom, que sucedeu Daniel François Malan em 1954. Depois, por Hendrik Frensch Verwoerd, em 1958. Com Balthazar Johannes Vorster, em 1966, se tornou líder político de uma sociedade branca.
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu no vilarejo de Mvezo, em 1918, na então reserva nativa de Transkei. Filho de um chefe tribal hereditário da etnia khosa, mudou-se para Johannesburgo no começo dos anos 1940, onde estudou Direito na Universidade Witwatersrand e filiou-se ao Congresso Nacional Africano (CNA), partido que lutava pelos direitos dos negros no país. Mandela viu a institucionalização do apartheid com a chegada do Partido Nacional (PN) ao poder em 1948.
Malan, vitorioso nas eleições daquele ano, implementou medidas de favorecimento político, econômico e social da minoria branca. O Partido Nacional fundado em 1914, dois anos após a formação do CNA, dominou a política sul-africana até as primeiras eleições, em abril de 1994, em que a maioria negra teve direito a voto.
Desde sua criação, o partido tinha como objetivo uma maior participação e influência dos africânderes nos destinos da África do Sul. Oficialmente, reivindicava que o país se tornasse uma república, o que ocorreu no início da década de 1960. Entretanto era claro: a segregação física, social e política de negros, mestiços e indianos.
Ao longo do século XX, uma série de mudanças foi acontecendo no sistema do apartheid. Ao chegar ao poder, o partido Nacional adotou uma estratégia de aliança com outros partidos. Essa situação começou a mudar quando Malan promoveu uma dissidência, criando o Partido Nacional "Purificado". O grupo adotou uma agenda étnica que aproximava a minoria branca. Depois Strijdom adotou uma nova versão do apartheid, piorando a situação no país. Nos anos 1980, a África do Sul caminhava para um impasse, pois a crescente ingovernabilidade do país se combinava com uma crise social e econômica. Neste quadro, o PN começou a tentar estabelecer contato com Mandela. O sucessor de Pieter Willem Botha, Frederik Willem de Klerk, libertou Mandela. A medida surpreendeu o mundo, mas não foi uma decisão pessoal dele. Agiu como portador de um governo reformista do Partido Nacional e o setor empresarial. Ambos entendiam ser a única opção para a sobrevivência do regime.
professor de História
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